O anti Casto
Uma flor se cria na terra
na sujeira na lama
O excremento aduba o solo
em que floresce o alimento
O corpo suja a alma
que se enxerga em meio ao desejo
de se misturar à lama , ao excremento
de um apetite insaciável que jamais se esgota no toque .
Não se toca numa alma
sem se devorar na fome de um corpo .
Nao se fertililiza o solo para o amor
sem se tocar na matéria em decomposição sempre semi apodrecida do nosso desejo
por algo ou alguém que invade
a pureza de um olhar cego
para a alma tátil e invisível
Não há amor casto e puro
que não se fertilize na lama
de nossos corpos
que se devoram e se alimentam
de algo mais que jamais enxergamos
e tocamos
como um cego que aduba e sente
a ideia de uma flor em suas mãos
em meio a lama que o cerca