Correr
de um dia a outro
atrás do tempo perdido
do gesto passado
à frente
do momento esgotado
que a perda avança
sobre seu fim
que sempre principia.
Esgota-se a perda
que esta corre
escapando ao toque
fugindo à visão
amputando as pernas
que sustentam sua parada
que se deita imóvel
na memória que corre
em sua contemplação recorrida.
Veloz
esgota-se o ganho
no prêmio
de sua impermanente parada.
Correr
de algo
atrás
de algo
de si
através
de si
Correr dos pés
atados à sombra
que corre contra
a velocidade da luz
que ilumina sua queda.
Correr
à sombra da inércia
do sentido da corrida.
Cair
de encontro ao chão
que sustenta a gravidade.
Cair
de encontro à mão
que te ergue-
veloz promessa
de eternidade.