Eu julgo tu julgas
nós julgamos e somos julgados .
Todo o tempo . Condenados a julgar .
Se pensas , tu julgas . Se avalias , tu julgas .
Se olhas , tu julgas .
Julgas o juiz que te julgou errado
que tu julgaste errado
na tua turva avaliação .
Julgas o ladrão de quem roubaste
-pela indiferença – uma possível boa ação .
Pelo julgamento a um só tempo
involuntário e racional de um pedaço de corpo
pedaço de alma pedaço de carência
ou mesmo de um erro voluntário
nasce um veredito acertado
de uma prisão voluntária
de um amor perpétuo .
Julgados
por quem não somos
por quem cremos ser
e interpretamos ser .
Amados e rejeitados
Pelo que julgamos ser
Ou parecer .
Somos condenamos
tantas vezes pelo
que criamos ser
sem o saber .
A falha de uma palavra descuidada
que condena uma aproximação
que poderia salvar um afeto
que abriria uma porta para
tua escolhida e julgada
cela solitária .
Tu , eterno juiz ,
Julgues teu juízo perpétuo .
Quanto pesa a tua condenação
a um inocente
por teu ingênuo julgamento ?
Quanto te pesa a tua condenação
de nunca olhar a tua indiferença
ao réu que sem juízo te amou ?
Aprende a delicadeza da sentença suave
do perdão a ti mesmo e anisties
as sombras do teu pré julgamento
de quem condenaste à tua ausência .
Te aproximes da sombra , da voz
de cada condenado ao teu silêncio
a fim de que teu próprio julgamento
te seja leve
a fim de que a tua justiça seja
descrita e superada
pela pena leve
da mútua misericórdia
de nos salvar a todos –
Eternos condenados a nos julgarmos
uns aos outros .