Do teu ventre
eu nunca inteiramente saí
. As dores do nosso nascimento
e crescimento
se comunicam
na alegria de um parto permanente .
Em mim , nasce você como mãe .
De você eu nunca inteiramente parti.
Nasço eternamente de ti .
Mãe e filho eternamente concebidos.
Desde dentro e fora do teu ventre
te ensino e concebo ,
frágil e engatinhando
o amor de mãe
em que nasces em mim
também a cada dia .
Aprendo a andar
para caminhar longe de você
fora de você mas em direção
ao mundo que é o útero
onde moramos um no outro .
Em cada ausência em cada fome
em cada ausência que nasce
como uma morte provisória
em cada negativa de um desejo frustrado renasce a cada instante
a vida lapidada onde nos educamos
no parto eterno onde nascemos .
Do teu seio alimentaste
-do meu desamparo –
teu nascimento
como mãe .
Do teu leite
jorra cada doação
a cada pessoa
em que te reconheço
como mãe .