Não se bastam as coisas em serem coisas
mesmo não havendo nelas a consciência
de serem mais que coisas.
Não se basta a consciência
em perceber as coisas
para aquém do além do que elas são.
Não se basta o acaso de haver vida na terra
para além das probabilidades infinitas
de não vida em bilhões de outros planetas.
Não se basta o acaso de ter visto você
e me encantado ou mesmo lhe desejado
ou mesmo não entender o fundamento
do desejo que me é negado
mesmo que inventado.
Não se basta a invenção da vontade
sem a origem inexplicada
da construção da vontade.
Não se basta o gesto mecânico
de uma doação
sem a explicação inventada
de sua verdade.
Não se basta a verdade
sem a construção afetiva
que traduz sua vontade.
Não se basta a consciência
sem a ponte que a liga
às coisas
que jamais são apenas coisas.
Não se basta alguém em se saber
algo em meio ao acaso das coisas
que não são apenas coisas
que vivem em nós
não por acaso.