Te contar um segredo:
não há segredos
não há explicação
para o que há
nem o que deixa de haver
Há sempre a possibilidade
-ou melhor, verdade-
de haver além do que há
e a verbal criação de dor e prazer
que enchem nossa fome
de não os saber
e a meticulosa autópsia
da mentira do nada que inexiste
( mas tanto insiste).
Por haver
a criação da certeza que não se crê
não há ver-
há modos de ver:
miopia aberta
para aquém da paisagem
cegueira incerta
para além da miragem
Te contar a verdade:
há eu e você
e este hiato
entre tantos nós.