Omissão

Ela age pela forma de sua ausência,
alterando os rumos do que não conduz,
sem deixar rastros de sua rota miserável.
Ela espelha a falta de seu reflexo,
como vampiro irrefletido,
sugando a doação
que se nega.
Por assepsia dos fatos,
por vezes é premiada
como virtude viciada
porque nunca erra
pela não tentativa.
Ela é a mãe desnaturada
que acaricia a sombra do filho
nunca nascido –
que chora sem lágrimas
a realização de toda promessa
de tudo mais que poderia ser
por menos que o nada
que paralisa toda intenção de afeto.
Um único, simples gesto a mataria,
para que tudo pudesse viver
e no entanto sua morte é tão viva.

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