Em todo toque, há um muro:
nenhum átomo, nenhum corpo
a outro se mistura.
Nada ninguém ultrapassa o que toca
nada ninguém compreende o que toca.
Sente-se no que toca
apenas o pressentido da sensibilidade.
Na carícia, o apelo à união
que funda a fusão das diferenças.
Na ausência do toque
ou no toque solitário
de mãos, corpos que se entregam
sem se sentir
a cegueira tátil
que os encobre.
Na agressão, a mágoa
que marca na pele a incompreensão
do que ultrapassa a dor
e funda um caráter
que toca o desejo de se ver além
do que enxerga a cicatriz.
Só se tocam e vão além do que tocam
o pensamento e o sentimento
quando se fundem
no corpo imaterial
de alguma tentativa de amor
que tente tocar
a transcendência do toque.