O que eu quero vai me deixando.
Por onde passo, me ultrapasso
e me abandono um trecho.
No que em quem me deixo
resgato um rastro do que não tive
No que em quem me vive
-onde me acho-
desencontro o perdido
de onde me passo.
O que quero vai me levando
enquanto me abandono
lentamente
em descompasso
rumo à presença do que não tive
rumo à ausência do que se vive.
O que deixo vai me querendo
no abandono tátil
de onde me acho.