Heroi moderno
Por covardia,
me escondo do medo
Tatuo na carne
a frágil armadura da força
onde exponho os ossos
de minhas convictas questões
e fraquezas
Por gula, crio os apetites
que sustentam a fome
que alimenta o vazio evacuado
das respostas
Ávaro na doação de minha virtudes,
por inveja me homenageio no outro,
este
que me oprime, exprime e redime
estilhaçando o meu, nosso reflexo
em pedaços irmanados
que constróem
uma possível imagem
de humanidade
Por iracunda preguiça,
me abandono ao leito desesperado
de uma furtiva e esperançosa espera
pela poesia concupiscente
que há de nascer
da virtuosa confissão
de meus mais castos vícios.