Está registrado na maneira que te olho
a história de olhares de gerações
que espiam mortas
a maneira que as ressuscito.
Pesa no meu gesto de carícia
o afeto incontido de construções genéticas
de DNA’s inteiros que evoluíram
a ponto de domesticar o tacape
pela mão que acaricia
o atrevimento de minha intenção.
Nos caninos afiados
repousa o sangue
domesticado e invisível
da vítima que saboreio.
Repousa
no gesto desesperado do suicida
a esperança da retomada do gesto nunca concluído
de um fim que não se acaba.
Está registrado na maneira
com que vejo que me olhas
o gesto que embala a história dos olhos
que se criam a cada renovação
da translúcida cegueira que os alimenta.