2009-05-10 04:20:00

       
  

Outro dia

Livrai-me do nada, eu pedia
E o nada persistia
Bravio, indômito, a vencer o meu dia
Como, de resto, nada mais podia
contra o nada, me rendi,furibundo
com nada mais a colher do mundo

Mas eis que um certo velho dia
do nada, plantei a epifania:
do pretenso nada criado, criei seu avesso
tatuado na carnadura do começo
de um ato trespassado por seu fim
(liberto de nada, enfim?):

bastou um aceno ao vento
e este, em prestimoso lamento
me soprou, em tediosa harmonia
que o nada nada mais podia
contra a brutal indiferença
do nascer de um novo dia

Livrai-me do nada, eu pedia
e em alegre desespero, percebia
que de seu provisório desterro
o falso nada por tudo me sorria.

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