2007-05-31 06:21:00

       
  

Um gesto

O toque fugidio de tua mão em meu braço:
ode canhestra ao acaso em descompasso.
 
Seria uma desatenção calculada do momento
ou epifania desarticulada enclausurando o tempo?
 
Seria a distensão lírica de um atalho
ou afeto bruto coroado em ato falho?
 
A resposta inconclusa de um suposto unguento
será o silencioso espasmo de meu tormento,
 
seria, não fosse a memória fossilizada
no apetite de uma circunstância,
 
a minha espessa sombra martirizada
na angústia de uma eterna ânsia
 
(o desvio do teu olhar em constrangimento
 reconduz o tempo a seus recortes formais
 
 desterrando o gesto do seu intento
 a ele arraigando epopéias abissais).

 

  

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