2007-05-10 12:58:00

       
  

Invisível

Ainda não me veem
mas já tomam de assalto
o que nunca me pertenceu

Já não me tocam
e contemplam o vazio tátil
das minhas chagas abertas

Percebem através do que não sou
a sombra viva da caricatura
dos meus ganhos em perspectiva

Intuem do toque sem tato
a pele ressequida pelas perdas
passadas em projeção

Dos olhos, vislumbram o tempo entranhado
nos desvios do desejo não consumado

Dos olhos, vislumbram a vida despendida
nas edificações dos atos trespassados

Não me veem
mas já constroem o monumento vivo
das ruínas que são – ou creem- minhas.

  

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