Sono
Desfaleço de um sono descoberto
Pesam-me as pálpebras carregadas dos entulhos da consciência
Em vigília espreito sonhos táteis que sopram meias verdades
à memória esmaecida do dia seguinte
Deito à cata de sonos mais profícuos
que perturbem meus descansos verticais
com insônias feéricas e ressonâncias líricas
Faço a cama dos despojos das utopias possíveis
me embrenho nos lençois do porvir
E inicio a contagem dos carneiros
ornados para o próximo sacrifício
Amanhã, de pé, descobrirei meu reflexo sonâmbulo
e concluirei que ainda não são horas de acordar
Amanhã descobrirei que amanhã ainda não chegou
e voltarei ao leito das descobertas adormecidas
Meu sono cíclico vai se propagando por auroras propagadas e adiadas
Até que desperte de vez para um sono mais claro e menos intermitente.