Não basta

Nada se basta.
E o não bastar-se
entope seu buraco.
Nenhuma orgasmo se sacia
com sua pequena morte
que pede sua provisória ressurreição.
Nenhuma dor é tanta
que não ceda à teimosia da tortura
da esperança.
Nenhum sorriso
alarga o prazer
que nunca se basta.
Talvez a promessa de nos encontrarmos-
cujo cumprimento se trespassa-
tenha lá sua adiada graça.
Talvez a ternura da criança
ao pedir uma esmola
ceda o ar da plenitude
de uma infinita graça.
E nem mesmo seu pai explorador
que abusa de uma infante desgraça
elimine meu ingênuo gesto de doação
que nunca passa
-mas não se basta.

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