O mais válido tipo de turismo
No Rio de janeiro , proibiram o uso
de imagens que denotem algum apelo sexual em cartões postais.As imagens
em questão eram fotos que mostravam glúteos e outros adornos salientes
de senhoritas opulentas que se misturavam às curvas da paisagem
carioca.O motivo da proibição seria o suposto incentivo ao turismo
sexual provocado pelo apelo instintivo das formas das moças.
Sou contra a proibição.Radicalmente.Ora, se o pão de
açúcar é um ícone da paisagem carioca e brasileira, porque as célebres
curvas das moçoilas tupiniquins também não o podem ser?Ícones muito mais
vibrantes, muito mais personificados e vivos(metaforicamente ou não)
dos atrativos turísticos brasileiros.Sim, sim, as tais imagens sexuais
eventualmente atraem o turismo sexual.Mas que mal tem?A principal fonte
de turismo é a sexual, ora esta.Eu mesmo já pensei em algumas viagens à
Suécia e a outros países nórdicos não só por curiosidade pela cultura
local, mas também para travar amizade com algumas encantadoras
caucasianas diáfanas.
E, por favor, não confundam turismo sexual com
prostituição.Turismo sexual você pode fazer até ao visitar a casa de sua
vizinha.Lascívia não respeita limites geográficos.Ao contrário:a
luxúria é um vício virtuoso que desonera de si quaisquer impostos
alfandegários de pecado ou qualquer outra perversão parecida.O interesse
sexual pode e deve ser levado em consideração no objetivo
de alguma viagem.Se isto suscita ou não a prostituição ,
não tem necessariamante diretamente que ver nem
com as razões turísticas dos turistas nem com quem promove
este tipo de turismo.Compras e vendas de quaisquer ordem- mesmo de
corpos e almas- são questões íntimas a serem tratadas de pessoa à
pessoa.Se há aí alguma exploração meio sórdida(pedofilia, escravização
branca, etc) o estado que resolva e ponto.Mas não venham afanar o
direito sagrado do viajante de buscar avaliar outras culturas, e dentro
deste desbravamento cultural, está lícito o direito de travar
conhecimento-bíblico ou não- com senhoritas de outras origens, outras
etnias, fluentes em outras línguas(perdoem a infame metáfora sem
intenção, sim?).
Mania medieval e carola esta de achar que corpos
humanos possuem o gérmen do pecado e do erro, que corpos são sagrados e
proibidos.Balela.O direito à posse do corpo é de seu(sua) dono(a);mas o
direito a olhar um corpo é de quem o vê.Não existe estupro visual.Todos
têm o direito à curiosidade.Além do que, esta questão da proibição de
partes do corpo é meramente cultural e beira a esquizofrenia.No Egito
antigo, por exemplo, mulheres andavam com os seios a mostra e com os pés
calçados sempre, porque estes eram considerados mais sexualizados e
obscenos do que aqueles.Se você pegar um livro qualquer de Machado de
Assis do século dezenove, verá inúmeras referências a braços sensuais e
calcanhares luxuriosos.Não adianta proibir, tapar, que o foco da
lascívia sempre se manifestará em alguma parte do corpo humano.Nem que
seja no dedo mindinho.
E, metafísicas sexuais à parte,há também razões sociológicas para o
desbunde da libertação dos instintos turísticos.Ora, sejamos francos:em
um cidade como o Rio, em que todos andam seminus, qual a razão para
alarde com uma mulher de biquíni em um cartão postal?Antes pelo
contrário, as curvas de uma gentil dama carioca dão pleno azo aos ditos
que tratam o Rio de janeiro como cidade maravilhosa.Eu, cá pra mim, não
troco os encantos de um corpo feminino por todas as maravilhas de uma
capela Sistina nem pelos deslumbres do Grand Canyon.Muito menos pelo pão
de açúcar.