2005-09-05 01:44:00

       
  

Desconstruindo a desconstrução

Que teoria do caos que nada.O mundo é
certinho, ordenadinho,redondinho, quase lógico mesmo.Tudo é de um
elementarismo primário.Se você nasce, vive , morre e pensa, então há uma
certa ordem intrínseca a todo este processo, não? Tenho dó moral e
intelectual dos pobres coitados que acreditam pura e simplesmente no
acaso.Nasceram, vivem e pensam por acaso, pobrezinhos.Não seria de todo
mal que os que não acreditam em acaso acreditassem piamente que os
que acreditam são pura e simplesmente obra de um descuido mesmo, de uma
irrelevância atemporal sem planejamento.Não seria de todo mal, mas seria
falso e um tantinho cruel.E todos nós temos bom coração, claro, e
toleramos, não por acaso, os desatinos intelectualóides alheios.

Mas o fato é que há ordem em tudo.E não adianta vir
com argumentos desconstrutivistas, porque o próprio desconstrutivismo
brotou de um ordenamento lógico do pensamento, o que desconstrói a
própria idéia de desconstrução, ora bolas.Ah, longe de mim querer
desmerecer um certo relativismo de valores morais, éticos , estruturais
mesmo.Isto tudo teve lá sua valia no século passado.Mas, caríssimos,
todo o método de relativização e desconstrução pressupõe, ainda que
implicitamente, a construção de algo no lugar, nem que seja o avesso do
que tenha sido desconstruído ou mesmo a construção de um vazio, de coisa
nenhuma.Sim sim senhores, a mais elaborada construção é aquela que
propõe o nada absoluto como equação básica da vida, aquela que prova que
eu, você e tantos outros não existimos, que somos esboços do que não
viria ou não virá a ser.A moda, aliás, nas últimas décadas é tentar
provar isto mesmo, que viver é um passeio metafísico, sem a meta e sem o
físico.A questão que refuta tudo isto é que tentar provar que tudo é
etéreo e nulo é em si uma tentativa de ordenar, >

Assim em tudo.Filosofia, arte , ética.Toda tentativa
de iconoclastia denota a edificação de novos ídolos, nem que seja o
ídolo da devoção ao acaso.Não sobrevivemos sem deuses, senhores.A
totemização da própria sombra é destino fatal de cada um de nós.Nos
resta a opção do bom senso de edificarmos tótens palatáveis , úteis e
agradáveis.

Vamos à praxis da coisa por uma maneira enviesada
para não me chamarem de acadêmico empedernido e janotinha:vejam que há
um espíririto moral e ético de ordenamento até na atitude
canalha.Existem organizações criminosas que se comportam segundo rígidas
normas morais que fariam corar os mais probos juízes de direito.Regra
para matar, regra para trair, regra para torturar…tudo que não possa
ferir a honra o respeito das gangues em questão.Disse a máfia, mas
pode-se observar estas mesmas condutas morais em graus diferentes nas
mais diferenciadas tribos de criminosos.Pois bem, se há uma tentativa de
ordenação moral até mesmo em criminosos, que dirão aqueles que dizem
ser tudo obra do acaso, onde residirá o argumento dos apologetas da
estética da coisa nenhuma?

Existe uma matemática intrínseca reveladora da engrenagem humana, sub
humana e sobre humana.Embora tenha um palpite,sei lá eu se esta
matemática é boa ou perversa.E nem me interessa muito saber.Até porque
fui reprovado em matemática na fase dos meus cueiros.Estes assuntos só
me interessam de longe, portanto.Minha desconfiança mesmo é de que
Descartes, de uma maneira meio torta, no fundo tenha razão:de que tudo
se resume à razão e método, ainda que este método não seja
necessariamente cartesiano…

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