2005-05-21 14:45:00

       
  

Pseudo arte, política e oportunismo

O pintor colombiano Fernando Botero
está realizando na Europa uma exposição de uma série de obras em que
pinta os horrores das torturas cometidas em Abu Ghraib pelos americanos
durante a guerra do Iraque.Com isto, claro, conseguiu alardear seu nome
junto ao panteão dos politicamente corretos e membros distintos da
esquerda festiva.Os tons de sua obra(ostensivamente medíocre, a meu ver)
sequer são mencionados, tendo em vista os motivos supostamente
‘’fortes’’ que representou.

Não quero negar a tortura que aconteceu no Iraque,
mas sim afirmar aqui a falta de limites da picaretagem artística que se
alastra em nossos tempos.Por que diabos Botero, um pintorzinho
maneirista, de tons sempre amenos, agora resolveu falar de tortura, em
um contexto que esculhamba os ‘’cruéis ianques’’ e sua suposta sede
imperialista?Será só agora que o puro Botero descobriu que toda guerra é
suja e que nela perversidades são cometidas?Ou será que o latino pintor
que reside justamente em Nova York resolveu tirar uma lasquinha da
ojeriza de todo o mundo em relação aos EUA em benefício da própria
carreira?O que acham, hein?

Ou então vejamos:por que será que o casto Botero
nunca pintou os horrores e atrocidades do regime autocrático de Saddam
Hussein?Ou os horrores cometidos contra os direitos humanos no
Afeganistão antes da invasão americana?Claro que o inocente Botero sabia
de antemão que a esquerda festiva sempre zelou pela soberania dos povos
e de sua independência, ainda que esta independência significasse a
existência de ditaduras e que custasse a vida de milhares de pessoas que
se rebelassem contra estes estados autocráticos.Não, Botero sabe que
pintar o óbvio ululante não dá ibope, ainda mais contrariando os
interesses da esquerda festiva.Botero foi justamente se chocar com as
atrocidades cometidas pelos sempre democratas americanos,que sempre
julgou bonzinhos e acolhedores, como se nunca soubesse do que houve no
Vietnã, como se desconhecesse a inteira história dos Estados unidos,
país- é bom salientar -onde vive.

Nada mais conveniente então que um pintor latino
americano , aos setenta e dois anos de idade, se rebelar contra o
imperialismo americano. Nada mais lucrativo, nada mais rendoso e de
acordo com os discursos políticos que ora grassam por aí.Botero sabe o
que faz.Só não faz arte:faz auto-promoção.

Mas não se enganem.O exemplo da picaretagem de Botero não é único.Ele
é apenas símbolo de um estado de decadência de todos os valores
artísticos em apologia ao discurso vazio do politicamente correto, que
no fundo é o politicamente imbecil e perverso, uma vez que a estupidez
traduz os vícios provenientes da ignorância, da cegueira total das
percepções e do pensamento.Botero não é um artista, é um político sem
escrúpulos que tira proveito do próprio discurso oco.O pior não é ele, o
pior mesmo é a sua platéia.


  

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