Nenhum dedo se move
em obediência à revolta
contra a condenação da perpétua mudança.
Os olhos miram por dentro as pálpebras fechadas
que roçam a criação de uma luz escura
que cura a angústia da fome de contornos claros
de um foco que lambe os olhos
que se contentam em apenas enxergar as formas precisas
da indefinição.
Nem mesmo o tédio do desejo de morrer,
que esta é uma ação de amor
não correspondido à vida.
A depressão é a cura para a angústia
da criação extenuante de vida e mais vida.
Mas a doença clara- a vida clara- adentra
por entre as pálpebras mal cerradas,
se move
por entre os lençóis que roçam
a pele da lembrança de um corpo
a pele da memória do toque.
E os dedos se movem
E os olhos se abrem:
não há buraco
que se esconda do céu
que oprime
sua falta de lugar.