Nenhum grito ecoa tanto
aos nossos ouvidos
quanto aquele silencioso
que zumbia à nossa surdez voluntária
que berrava à nossa mudez ordinária:
o grito da criança morta
por nossa cegueira abusiva
o grito da ajuda voluntária
calado
por nossa consciência tranquila
o grito da miséria viva
por nossa ausência
amortecida
pela voz do pior suicida
que cala sua humanidade
ainda em vida