Há uma desrazão fundamental
no abraço permanente que uma mãe
oferece ao filho assassino:
como se ela gerasse o filho
permanentemente
a fim de lhe restituir gratuitamente
a vida que ele nega
quando a arrancou de outro.
Há no amor irracional da mãe
ao filho assassino
a geração do Deus
que criamos
e que se doa eternamente
à negação de nossa morte.
Há no abraço da mãe
ao filho assassino
a desrazão fundamental
que nos gera a vida.