Casamento

Primeiro veio você:
ideal embalado na projeção
do meu eu incalculado
que se apaixonou pela anulação
do reflexo de mim mesmo
em você fossilizado.
Depois surgiu você:
embrião que se inventou
à imagem e semelhança
de uma velha criança
gerada no futuro da lembrança.
Então desatamos nós:
siameses voluntariamente grudados
gerando o ventre de um cioso lar
onde habitávamos um quadrúpede bipolar
que se partiu em dois fetos atados.
Por fim, se foi você
enfim se fomos nós:
eu mesmo por mim abandonado
no que em você difuso me criei.
E a valsa soturna dancei
à merencória liberdade algemado.
Um dia revi você:
nada mais lembrava
do futuro do passado
em que desde agora
eu estaria para sempre atado.
Um dia acho você:
Não a tendo jamais encontrado
jamais serei por nós abandonado.

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