Resposta inexata

Sua boca muda me ensinou
o valor da palavra
que jamais expressa sua vontade.
Sua miopia, o desvio de seu olhar
me fizeram enxergar
a distância necessária para ver
o esboço do todo que se quer
e o detalhe mínimo
no tudo que se perde.
A ausência sempre imprecisa da sua perda
me acomodou à angústia
de morar na vontade sempre imprecisa
do que se ama
do que se crê amar
do que se inventa amar
a fim de solapar a criação meticulosa
do nada que nos cerca.
A presença sempre exata
da iminência da sua perda
me fez enxergar minha miopia
que calculou o esboço
do que nunca soube exatamente
sentir por você.
Assim permaneço a seu lado:
consciente de algum erro calculado de avaliação
de tudo a seu respeito
explorando em todos os lugares
o lugar nenhum
aonde me acho em sua sombra.

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