Um objeto não se vê:
não existe o objeto
a não ser pelos olhos
da consciência que o enxerga.
Não se vê uma pessoa:
apenas se enxerga
pela ilusão de um reflexo
no espelho.
Limita-se o que é visto
ao olhar daquele que o vê.
É concebido ignorado
amado odiado
aquilo ou aquele que é visto
por quem o vê.
Uma visão não se vê
e cega de si
enxerga o reflexo
da quebra
da ilusão do espelho
quando toca a pele
do outro que o vê.
Não há o belo da paisagem
Há o que o limite da visão
refletida
enxerga como beleza.
Mais belo que a paisagem limitada
pelo reflexo da visão que não se enxerga
seria o amor
que supera os limites da paisagem.
Amor: paisagem idealizada
que nos cura da cegueira a olhos vistos.
Mas se vê o amor?