Plantei em mim um vago sentido
de esperança .
Eterna flor em expectativa
sem tempo
Porque Nunca nasce completamente :
permanece raiz em espera
regada por pequenas mentiras projetadas
que enganam o desespero
e alguma ação generosa calculada
que permeiam o solo áspero
da minha pele.
Plantei um torto sentido de beleza
que não espera cicatrizar a pele
antes penetra e acaricia a cicatriz
como quadro à espera da moldura
de um corpo que nunca chega.
Plantei no corpo a espera
por um toque que nunca chega .
Plantei na espera
a flor que nunca se entrega.
Enganei o desengano
me tornando a raiz
que por nunca florescer completamente
jamais morrerá eternamente.
Ignorância
Não querer conhecer tudo
é uma maneira de conhecer melhor as coisas.
Muita visão estraga o visto
Pelo excesso de certeza
que assassina a possibilidade de alguém ,
de uma realidade que gera um encontro
com alguém
Distante de uma chegada
onde se chega só – cercado de certezas
que cobrem tua solidão.
Alguma ignorância , alguma distração calculada calça os pés da caminhada
do teu , do nosso mútuo perdão
ao que desconhecemos – e abraçamos .
Deslocamento
Poema deslocamento
Nunca era a situação certa
Nunca era a pessoa certa
Nunca era O grupo certo o lugar certo
Sempre se escorava na possibilidade
de um momento que fabricava à sombra
da pessoa incerta que se tornara
à sombra da sua vontade de quimera
À sombra da preguiçosa utopia que se criara.
Até por fim
fabricar em gente incerta como ele era
a vontade certa de querer amar algo alguém
para além
da sua vontade
querer agir por algo alguém
para aquém da luz tão forte
da infantil auto estima que o cegara
para um sentido tátil de tocar
no primeiro outro
a ação que batizara o lugar
da doação cega que rompeu seu deslocamento .
Todos os lugares são certos
para o que sente as mãos cegas
que melhoram
a argila que compõe as pessoas que se tornam certas pela ação amorosa
com que as moldamos .
Maquiagem
Maquiagem
aquele breve momento imaturo em que gostei mais de alguém do que deveria fincou a saudade de um engano que a maturidade hoje me paralisa. O amor é uma infância calculada , uma cegueira que abraça à sombra e a torna luz.
Aquela ideia que sucumbiu à realidade ergueu um movimento ao ideal que ainda abriga em mim a saudade da volúpia da utopia que me arruinou; acalenta a saudade enrustida de um engano que rechaço.
É de mim mesmo ludibriado pela fácil boa intenção e pelo ideal ingênuo e pela romântica ingnorância que sinto falta
Sim, Tudo vale. Todo erro é projeção de acerto . Todo desvio é um caminho turvo à linha reta. Todo tropeço é um passo pra reerguida. Mas há um gosto acre na boca do sábio que te tornas pela aprendizagem .
Aprendes pelo erro a amar o Amor .
Aprendes pelo erro a idealizar a ideia turva que te gerou e a amar em seguida
a realidade que te trai.
Aprendes pela sombra
a tatear a possibilidade de luz .
Amadureces pelo engano. Abres os olhos . Mas há na cegueira um gosto suicida que lembra o gosto da tua imatura juventude .
Apodreces pelo engano revelado
em direção à perda do prazer que te devora
e te ilumina para um sentido maior
Por vezes Maquias teu rosto enrugado pela aprendizagem por saudade da ingenuidade
que te ensinou a amar.
Caminho para as mãos
Transbordo de sentido .
Tudo faz sentido onde me entrego
ao que crio .
Cada instante que perco flutua
sobre a fome de vida que me devora
Cada pessoa que não acho espreita
o lugar onde me perco .
O momento seguinte me desespera sempre
pela esperança de ser melhor do que passou .
Não há morte que me assuste
no presente
que me escapa aos dedos
onde seguro a tua mão
pelo caminho em que sempre esperamos
pelo infinito .
Eterna a distância
entre mãos que nunca se deram
Mas mais eterna a lembrança do toque
de dois corpos que se acharam .
Não há fim para o que age
sobre o que espera e lembra.
Não há solidão nem desencontro
nos passos
onde caminhamos
na busca eterna por outra mão
que nos guie
Não há escuridão no caminho
para quem tateia segura ama
toda mão que o caminhe
em direção à luz.
Não há escuridão
quando a mão dada
é a luz e o caminho
O amor é uma preguiça ativa
Apenas peço que me deixe cuidar de você .Você nada precisa fazer . Apenas me deixar cuidar do milagre vivo que é para mim . Na cama , estática , inerte , preguiçosa . Me deixando te servir e estar contigo , você serve a quem quer ter o prazer de te servir. Parada , sonolenta , servida , você serve ao princípio de amor que lhe tenho. Tua inação inexiste. Tua existência se dá em um abrir de olhos , um ligeiro sorriso entreaberto, um ligeiro aceno de mão que me ordenará um chá com bolachas. Um gesto teu acaricia uma ação que movimenta o mundo de quem te ama. O amor é uma preguiça do resto do mundo onde se encontra com um sentido que atravessa todos os passos que levaram à chegada da tua cama onde você repousa todo movimento que gastei até te encontrar. O amor é uma preguiça que movimenta o mundo – por tua causa . O amor é uma preguiça que movimenta o mundo Pela causa de querer te amar , querer te servir , querer abraçar o mundo através do repouso que exerço ao me entregar em ação infinita para que você descanse. Tudo que faço para querer te amar me repousa . Teu descanso lasso movimenta em mim o amor que desperta o mundo em teu sono velado por mim
O engano maquiado
aquele breve momento imaturo em que gostei mais de alguém do que deveria fincou a saudade de um engano que a maturidade hoje me paralisa. O amor é uma infância calculada , uma cegueira que abraça à sombra e a torna luz.
Aquela ideia que sucumbiu à realidade ergueu um movimento ao ideal que ainda abriga em mim a saudade da volúpia da utopia que me arruinou; acalenta a saudade enrustida de um engano que rechaço.
É de mim mesmo ludibriado pela fácil boa intenção e pelo ideal ingênuo e pela romântica ingnorância que sinto falta
Sim, Tudo vale. Todo erro é projeção de acerto . Todo desvio é um caminho turvo à linha reta. Todo tropeço é um passo pra reerguida. Mas há um gosto acre na boca do sábio que te tornas pela aprendizagem .
Aprendes pelo erro a amar o Amor .
Aprendes pelo erro a idealizar a ideia turva que te gerou e a amar em seguida
a realidade que te trai.
Aprendes pela sombra
a tatear a possibilidade de luz .
Amadureces pelo engano. Abres os olhos . Mas há na cegueira um gosto suicida que lembra o gosto da tua imatura juventude .
Apodreces pelo engano revelado
em direção à perda do prazer que te devora
e te ilumina para um sentido maior
Por vezes Maquias teu rosto enrugado pela aprendizagem por saudade da ingenuidade
que te ensinou a amar.
Pathos 2
Padeço dia a dia
de uma saúde estéril.
Acordo como bebo sorrio vivo
reproduzo
uma vitalidade que transborda
uma falta de sentido.
Metástase de uma saúde
que espalha sua entediada alegria sem causa-
seu câncer fecundo e contente .
Me cura a procura
por alguma doença
que me salve –
alguma morte provisória
que me embale.
Morrem momentos dia a dia
Adoecem sentimentos
Padecem ideias e ideais
Entedia-se o prazer
Esgota-se a espera
em nome de alguma esperança.
Enruga – se a esperança
até surgir um vírus –
Paixão doença vontade –
um feto imprevisto
que nos infecta
de uma outra procura.
Certas doenças nos curam
de uma saúde sem causa
Certas doenças nos geram
sintoma de vida
Didática
Acaricio teu ódio
como à criança recém nascida
que nada entende da vida
que a recebe
e chora pela dor
do conforto perdido
do sono no ventre.
(Despertar dói e demora
e se adia a toda hora. )
Toco teu ódio e o aleito
como a mãe que amamenta o filho
que devora o que não entende.
Teu ódio aninha o amor
que lhe tenho.
Tua cegueira ilumina
minha vontade de te enxergar
para além da fome que tens
em me esmagar.
Teu ódio me ensina
a contigo caminhar.
Quebra
O chefe que desconta
no empregado
o ódio por um negócio perdido
O empregado que desconta
na mulher
seu orgulho ferido
A mãe que desconta
no filho
o casamento destruído
O filho
que acaricia seu cão
com um gesto redimido .