A hora emudeceu:
não sabe mais dizer
do tempo que se faz.
Por ora,
o tempo se suspendeu:
não sabe mais contar
a morte em que se liquefaz.
Nem mais se espera
por esperança
porque jaz aqui
um presente
que não se desfaz.
O tempo se esqueceu
de contar as horas
em que se desfaz.
Imortal o verme
que devora
o cadáver do tempo
que devora
a eternidade do momento
para além da razão humana
que reconta sempre o fim do tempo.
Mas em alguma hora
o tempo morre
tanto mais quanto viva em nós
o verme que nos aflora.
Verme eterno que nos vomita
a eternidade de uma aurora.
O verme não se perdeu:
não sabe dizer.
da morte que traz
Por ora
o tempo se perdeu:
não sabe mais dizer
da eternidade que traz.